CUIDADOS COM A SAÚDE NO TALMUD

Prof.Dr.HC João Bosco Botelho

Os primeiros hebreus (palavra oriunda do termo hebraico Éber, ou עברים, significando “descendentes do patriarca bíblico Éber”) foram um povo semítico do Oriente Médio. Essa compreensão foi utilizada pelo poder romano ao referir os judeus: grupo étnico e religioso de ascendência hebraica. É possível que, anteriormente, os hebreus chamavam a si mesmos de israelitas, embora esse termo tenha caído em desuso após a segunda metade do século 10 a.C. Os hebreus falavam uma língua semítica da família Cananéia, à qual se referiam pelo nome de “língua de Canaã”, citada por Isaías 19:18.

Esse povo, de pouca importância político-militar se comparado aos vizinhos maiores e  tecnologicamente avançados, compôs o Pentateuco, livro sagrada dos monoteísmos.

A partir da destruição do Templo de Salomão pelos romanos, no século 1, é difícil falar em Medicina hebraica bíblica pura, mesmo com todos os cuidados tomados pelos lideres religiosos e políticos na preservação da tradição.

O povo de Israel começou, pela segunda vez, a longa viagem em direção de diferentes terras e a gradati­va absorção da cultura desses povos. Esse fato con­tribuiu para a organização do Talmud e a consequente fortalecimento da heran­ça cultural do povo hebreu acumula­da durante milhares de anos.

Desse modo, a valorização da cultura dos sábios era praticada como meio de melhor educação dos filhos. Nesse período, com os rabinos sendo os mais letrados e absolutos conhecedores da tradição, a prática médi­ca dominante, nas comunidades he­braicas, ficou conhecida na historiografia como Medicina talmúdica.

A palavra hebraica talmud significa “acostumar-se, aprender”. Posteriormente, o sentido se extendeu como “estudo, instrução, ciência”, em particular a ciência da Torah. De modo adicional, também para caracterizar o “halakot” ou direito consuetudinário, a parte da Torah ligado à tradi­ção oral e à jurisprudência.

Esse extraordinário livro, o Talmud, foi escrito em hebraico, aramai­co, grego e latim . Divide-se em seis partes: Zeraim, agricultura; Moed, festas, laser, solenidade e jejum; Nashim, leis do noivado, casamento  di­vórcio; Nezikim. prejuízos, indenizações e jurisprudência civil e penal; Kodashim, abate dos animais e sacrifí­cios; Toharoth, regras para a purifica­ção.

No conjunto, são abundan­tes os ensinamentos práticos e coe­rentes das regras sociais, baseados no conhecimento historicamente acumulado, capazes de organizar as comunidades nos seus aspectos básicos da sobrevivência, inclusive o modo de conduzir o parto.

Existem dois Talmuds, frutos dos diferentes interesses que moviam as populações judias, na Babilônia e na Palestina, ambos escritos em torno do século 6 d. C.

– Talmud da Babilônia (Talmud Bauil),  contém ensinamentos milenares das escolas de Nchardea, Sura, Mahuza e Pumpedia na Babilônia, foi redigido entre os anos 352 e 427 e completado no século 6;

– Talmud de Jerusalém (Tal­mud Yeruchalmi), compilado nas ci­dades de Seráfis, Tiberíades  e Cesa­réa, na Palestina, escrito em hebraico e aramaico em torno dos anos 199-279 a.C.

Para alguns judeus, o Talmud é de origem divina para ensinar a essência da vida na busca da perfeição.

 Muitos médicos judeus se formaram nas escolas de leitura do Talmud. Ao associarem os saberes talmúdicos à Medicina grega hipocrática, se tornaram famosos. A comprovação deste fato é dada pela carta de Impe­rador Antônio solicitando ao rabino Yehuda Hanasi um médico entre os seus alunos para tratar um escra­vo pessoal.

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