CIÊNCIA E FÉ

Prof.Dr.HC João Bosco Botelho

            A distribuição planetária das crenças e idéias religiosas demonstra que a absoluta maioria das pessoas, nos quatro cantos do mundo, acredita suave ou ferozmente em um ou mais deuses.

            A constatação da fé nas divindades presente em todas as linguagens-culturas defendendo a veracidade do próprio deus, sugere fortemente ser expressão muito além do social.

            Desse modo, quanto a origem, pode conduzir duas teorizações: milagre ou genética.

            O milagre, resultante de admirável expressão cerebral ainda não compreendida na neurofisiologia, não comporta discussão. Para os que crêem, em torno do criacionismo, é!

            A genética, atada ao evolucionismo, ao contrário, ferve e transborda de certezas e contradições. Essa é a mágica da ciência: mudanças, construções, reconstruções!

            Na esteira evolucionista, descrevi o processo um teórico denominado “memórias-sócio-genéticas”, objetivando compreender o incessante movimento humano na obstinada fuga da dor: posse do território garantindo a sede e a fome saciadas, busca do abrigo protegendo do frio e do calor, sexualidade, reprodução, liberdade de ir e vir, de falar, explorar sem limites.

            É o destino atávico dos seres vivos, para se manterem vivos, fogem da dor e buscam o prazer!

            Nos primeiros momentos, percebi que teria obrigatoriamente de separar a espécie Homo das muitas outras. O caminho escolhido foi a presença do neo-córtex, a porção cerebral mais externa, muito mais desenvolvida nos humanos.

            Nos não-humanos, a memória-sócio-genética pré-neocortical, sem o neocórtex no cérebro. Na vida de relação, a herança genética garante a fuga da dor e a impressionante união entre a sexualidade, cooperação e territorialidade.

            Nos humanos, a memória-sócio-genética neo-cortical: com o neocórtex,  a ontogenia adicionou às anteriores sentimentos atados à abstração, criando incontáveis e espetaculares metamorfoses  do prazer. Uma das mais importantes, ligada à sobrevivência, é a fé transcendente.

            Acreditar ou não em Deus é insignificante. Ele está presente no planeta! Ele faz bem à saúde!

 

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