A MEDICINA E O CRISTIANISMO PRIMITIVO I

A MEDICINA E O CRISTIANISMO PRIMITIVO I

 

Prof.Dr.HC Jõao Bosco Botelho

 

A religião sempre foi uma importante fonte para explicar os fenômenos da natureza e para o controle social. A origem das divindades, de certa forma, está ligada às explicações para os fenômenos naturais como a chuva, a fecundação do solo, etc. No âmbito da medicina, a religião sempre esteve presente também.

 

            A existência de referências ao binômio saúde-doença no Velho e no Novo Testamento é suficiente para estabelecer uma estreita vinculação entre o processo histórico de consolidação da medicina com o cristianismo.

É possível buscar nas origens dessa religião algumas explicações do fortalecimento das relações médico-míticas ao longo da cristianização do ocidente.

Não é demais lembrar que dos quase cinco bilhões de habitantes que hoje vivem no planeta, um quarto deles professam a religião cristã.

O cristianismo surgiu em condições sócio-políticas sob o regime escravista do Império Romano. Nesta época, as massas populares de origem judia, que continuavam fugindo após a Diáspora, tiveram um papel fundamental na sua formação.

É possível que a medicina que era praticada pelo povo que habitava o espaçogeográfico aonde se formava o cristianismo, fosse impregnada dos conceitos médico-míticos do Velho Testamento.

De acordo com os exegetas, as fontes cristãs que remontam às origens do cristianismo náo sáo muitas. Apesar das controvérsias uma das correntes acredita que a mais antiga é o Apocalipse de São joão que dataria do ano 68, seguido das Epístolas que teriam sido escritas na primeira metade do século II, dos Evangelhos e elaborados na segunda metade deste século e a mais recente de todas as fontes históricas cristãs que seria o Alto das históricas cristãs que seria o Ato dos apóstolos. Isto quer dizer que até agora não foi encontrado nenhum outro documento cristão que se possa afirmar ter sido escrito no século I.

Por estas razões é razoável supor que a medicina praticada pelos cristáos primitivos estivesse mais próxima das práticas médicas judáicas.

A religião cristã no seu processo de formação sincretizou o conceito da doença-castigo jã existente há muitos séculos antes do monoteísmo.

Como consequência imediata, deve ter aparecido a figura do profeta, que era representado por  um homem especial capaz de ressuscitar os mortos, curar algumas doenças e de prever o futuro. Não se pode afastar a possibilidade de que este personagem mítico tenha surgido a partir dos médicos-sacerdotes que  curavam e adivinhavam os acontecimentos (JC, relações médico-míticas, 28.12.86). De acordo com o discurso cristão, Jesus foi também um profeta (Mt 16,14; Lc 7,16; Jo 4,19 e 9,17).

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