MEDICINA NAS PRIMEIRAS CIDADES

Com a consolidação do sedentarismo, no Neolítico, entre 10.000 e 5.000 anos a.C., impor-tantes modificações foram se processando nos grupos sociais que habitavam a Mesopotânia e o Egito. Essas sociedades iriam absorver parte da experiência acumulada em 500.000 anos de His-tória, desde o aparecimento do Homo sapiens.
Nesta fase, teve início a modificação da economia produtiva a nível de subsistência coleti-va para uma concreta divisão de trabalho, como aparecimento de excedente de produção e das trocas comerciais.
As sociedades mostravam-se francamente hierarquizadas. Apareceu a propriedade priva-da, possibilitando o processo de assentamento duradouro, que evoluiriam para a organização das primeiras aldeias. Este aldeamento estratificado é encontrado em torno de 5.000 anos a.C.
As cidades formaram-se como produto da transformação e fortalecimento dos grupos humanos, ao mesmo tempo que as sociedades arcaicas se estruturam social e politicamente, processando-se assim as modificações que dariam início ao aparecimento das civilizações regionais.
Entre elas, destacaram-se pela ocupação territorial e poder de guerra: a sumérica, egípcia, cretense, fenícia , acádica, babilônica e assíria, que iriam decididamente influenciar, direta e indire-tamente, o pensamento ocidental.
Estas civilizações regionais formaram e assimilaram ao longo das suas consolidações, di-ferentes formas de governos, predominando o teocrático e mercantil-escravista, que teriam, de diferentes formas, moldando a ação médica ás conveniências do poder.
As guerras foram freqüentes e contínuas, oferecendo como produto final dos saques novos escravos e territórios, fortalecendo a propriedade privada e a escravidão. Certamente, durante os conflitos, houve participação ativa dos médicos e progressos na Medicina, principalmente no manuseio das grandes feridas traumáticas e amputações cirúrgicas dos membros dilacerados.
Os metais fundidos, o cobre, a mecanização da agricultura, o barco a vela e o uso comum do ferro são fatos que contribuíram para aumentar as trocas do excedente da produção, fortale-cendo a maior especialização da sociedade.
O corpo humano começa a ser manuseado nos rituais de sacrifício religioso e na conser-vação do corpo após a morte. É neste contexto que já existe a distinção entre médico e cirurgião.
A atividade médica deveria ser intensa e diferenciada nos vários extratos sociais para dar origem a querelas e atritos freqüentes. Sabe-se que o Rei Hamurabi (1728- 1688 a.C.), da babilô-nia, dedicou-se vários parágrafos do seu famoso código para disciplinar o exercício da Medicina, onde se lê:
218 ? Se um médico fez em um awilum (homem livre em posse de todos os direitos de cidadão) uma incisão difícil com uma faca de bronze e o causou a morte do awilum ou abriu o nakkaptum (arco acima da sobrancelha) de um awilum com uma faca de bronze e destruiu o olho do awilum: eles cortarão a sua mão;
219 ? Se um médico fez uma incisão difícil com uma faca de bronze no escravo de muskenum (intermediário entre o awilum e o escravo) e causou a sua morte: ele deverá restituir um escravo como o escravo morto.
220 – Se ele abriu a nakkaptum de um escravo com uma faca de bronze e destruiu o seu olho: ele parará a metade do seu preço.
Com isto o Código de Hammurabi formou jurisprudência com dois pontos cruciais da or-dem médica: as sanções que devem receber os médicos pela imprudência, imperícia e negligência e os honorários médicos diferenciados pelo atendimento de diversos grupos sociais.
Entre as substâncias utilizadas pelos médicos assírios-babilônicos estão relacionadas: a beladona, o óleo de rícino, o gengibre, a hortelã, a romã e a papoula. Muitas delas continuam sendo utilizadas até hoje.
Nesta fase do desenvolvimento das cidades-reinos, foram introduzidas importantes medi-das sanitárias nas cidades, como a construção das redes de esgotos e abastecimentos de água potável, de fazer inveja às periferias urbanas do nosso Brasil.

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